Um Clássico: Progymnasmata

Você já ouviu falar do Progymnasmata? Quando conheci, em meados de 2017 essa didática me encantou de imediato. Trata-se de um conjunto de exercícios usados na Grécia Antiga (e depois também em Roma) para treinar jovens na arte da escrita e da oratória. A palavra vem do grego προγυμνάσματα (progymnasmata), que significa literalmente "exercícios prévios" ou "pré-treinamentos". E faz todo sentido: eles foram pensados como um treino gradual, uma espécie de aquecimento para quem, mais adiante, teria que compor discursos mais complexos — como os usados em tribunais ou na vida pública. O mais bonito é ver como essa prática antiga fazia parte da formação integral do aluno. Os exercícios não se limitavam à técnica, mas também ajudavam a desenvolver o raciocínio, o uso correto das palavras, a persuasão e até a formação moral. E tudo isso por meio da prática constante de narrativas, fábulas, provérbios e argumentos.


Albert Samuel Anker ~ (Swiss: 1831-1910)

Como funcionava?

O progymnasmata seguia uma sequência lógica: começava com tarefas mais simples, como recontar uma fábula com moral, e ia avançando para desafios mais elaborados, como argumentar a favor ou contra uma tese, escrever discursos ou imaginar o que um personagem histórico diria em determinada situação. Esses exercícios misturavam oralidade e escrita, algo essencial, especialmente quando estamos formando pensadores — e não apenas redatores. E claro, tudo isso contribui para uma escrita mais clara, coerente e bem estruturada.

Os exercícios clássicos do Progymnasmata

A lista pode variar um pouco, mas em geral, os exercícios seguiam essa ordem: 

  • Fábula (Mythos) – Recontar ou inventar uma fábula que ensine uma lição. 
  • Narrativa (Diegēma) – Contar uma história coerente, com começo, meio e fim. 
  • Chria (Chreia) – Expandir uma frase ou ação conhecida de uma figura notável. 
  • Provérbio (Proverbium) – Desenvolver o sentido de um provérbio. 
  • Refutação (Refutatio) – Refutar uma ideia ou narrativa incorreta. 
  • Confirmação (Confirmatio) – Defender uma ideia ou história verdadeira. 
  • Descrição (Ekphrasis) – Criar uma descrição rica e detalhada. 
  • Comparação (Synkrisis) – Comparar dois personagens ou situações. 
  • Imitação (Ethopoeia) – Escrever um discurso como se fosse um personagem. 
  • Tese (Thesis) – Discutir uma questão geral, como “É melhor viver no campo ou na cidade?” 
  • Defesa de uma Lei (Nomou Epainos) – Criar ou defender uma lei fictícia.

E hoje, onde entra tudo isso?

O progymnasmata está sendo redescoberto em ambientes de educação clássica, especialmente em escolas cristãs, programas de homeschool e currículos baseados em trivium (gramática, lógica e retórica). Ele é visto como uma forma eficaz de formar bons escritores, criativos e organizados.

Este site contém explicações e modelos de exercícios. Foi a ele que muitas vezes recorri. https://rhetoric.byu.edu/Pedagogy/Progymnasmata/Progymnasmata.htm

Formato sugerido para aplicação:

Para alunos do Fundamental I 
  • Um caderno dedicado aos exercícios de progym. 
  • Inclui espaço para cópia de modelos, redações, reflexões e ilustrações. Pode ser dividido por tipo de exercício (ex: Fábulas, Narrativas, Teses...).

Para alunos do Fundamental II 

  • Semana 1: Fábula 
  • Semana 2: Narrativa baseada na fábula 
  • Semana 3: Chria com lição moral da história 
  • Semana 4: Provérbio que resume a ideia 
  • Semana 5: Tese relacionada ao tema

Compartilhe nos comentários. Você usa esse tipo de exercício como ferramenta de aprendizado? Quais foram suas experiências?

Abraços :)

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