Um Clássico: Progymnasmata
Você já ouviu falar do Progymnasmata? Quando conheci, em meados de 2017 essa didática me encantou de imediato. Trata-se de um conjunto de exercícios usados na Grécia Antiga (e depois também em Roma) para treinar jovens na arte da escrita e da oratória. A palavra vem do grego προγυμνάσματα (progymnasmata), que significa literalmente "exercícios prévios" ou "pré-treinamentos". E faz todo sentido: eles foram pensados como um treino gradual, uma espécie de aquecimento para quem, mais adiante, teria que compor discursos mais complexos — como os usados em tribunais ou na vida pública. O mais bonito é ver como essa prática antiga fazia parte da formação integral do aluno. Os exercícios não se limitavam à técnica, mas também ajudavam a desenvolver o raciocínio, o uso correto das palavras, a persuasão e até a formação moral. E tudo isso por meio da prática constante de narrativas, fábulas, provérbios e argumentos.
Como funcionava?
O progymnasmata seguia uma sequência lógica: começava com tarefas mais simples, como recontar uma fábula com moral, e ia avançando para desafios mais elaborados, como argumentar a favor ou contra uma tese, escrever discursos ou imaginar o que um personagem histórico diria em determinada situação. Esses exercícios misturavam oralidade e escrita, algo essencial, especialmente quando estamos formando pensadores — e não apenas redatores. E claro, tudo isso contribui para uma escrita mais clara, coerente e bem estruturada.
Os exercícios clássicos do Progymnasmata
A lista pode variar um pouco, mas em geral, os exercícios seguiam essa ordem:
- Fábula (Mythos) – Recontar ou inventar uma fábula que ensine uma lição.
- Narrativa (Diegēma) – Contar uma história coerente, com começo, meio e fim.
- Chria (Chreia) – Expandir uma frase ou ação conhecida de uma figura notável.
- Provérbio (Proverbium) – Desenvolver o sentido de um provérbio.
- Refutação (Refutatio) – Refutar uma ideia ou narrativa incorreta.
- Confirmação (Confirmatio) – Defender uma ideia ou história verdadeira.
- Descrição (Ekphrasis) – Criar uma descrição rica e detalhada.
- Comparação (Synkrisis) – Comparar dois personagens ou situações.
- Imitação (Ethopoeia) – Escrever um discurso como se fosse um personagem.
- Tese (Thesis) – Discutir uma questão geral, como “É melhor viver no campo ou na cidade?”
- Defesa de uma Lei (Nomou Epainos) – Criar ou defender uma lei fictícia.
E hoje, onde entra tudo isso?
O progymnasmata está sendo redescoberto em ambientes de educação clássica, especialmente em escolas cristãs, programas de homeschool e currículos baseados em trivium (gramática, lógica e retórica). Ele é visto como uma forma eficaz de formar bons escritores, criativos e organizados.
Este site contém explicações e modelos de exercícios. Foi a ele que muitas vezes recorri. https://rhetoric.byu.edu/Pedagogy/Progymnasmata/Progymnasmata.htm
Formato sugerido para aplicação:
Para alunos do Fundamental I- Um caderno dedicado aos exercícios de progym.
- Inclui espaço para cópia de modelos, redações, reflexões e ilustrações. Pode ser dividido por tipo de exercício (ex: Fábulas, Narrativas, Teses...).
Para alunos do Fundamental II
- Semana 1: Fábula
- Semana 2: Narrativa baseada na fábula
- Semana 3: Chria com lição moral da história
- Semana 4: Provérbio que resume a ideia
- Semana 5: Tese relacionada ao tema
Compartilhe nos comentários. Você usa esse tipo de exercício como ferramenta de aprendizado? Quais foram suas experiências?
Abraços :)
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